Rádios e sites são a força do jornalismo no Brasil

Rádios e sites são a força do jornalismo no Brasil

O Atlas da Notícia é um levantamento que mapeia a atuação do jornalismo no Brasil anualmente. Na edição de 2021 a pesquisa aponta o avanço das iniciativas independentes e a redução dos chamados desertos de notícias. E seguindo a tendência, sites são os que mais abrem enquanto os impressos são os que mais fecham.

O jornalismo no Brasil terminou o ano com 13.092 iniciativas. O número representa aumento de 10% em relação a 2019. O Atlas da Notícia aponta para crescimento de iniciativas digitais em todo o país, mas admite que faltam dados exatos sobre os veículos de comunicação.

Apesar de ter mais de 4,2 mil veículos online no Brasil, o segmento ainda perde para as rádios. O modelo analógico está em mais de 4,4 mil municípios brasileiros. A pesquisa sobre o jornalismo no Brasil identificou também 3.280 cidades sem nenhum veículo de comunicação. Chamadas de desertos de notícias.  

Desertos de notícias

Em todo o país 33,7 milhões de habitantes não têm acesso a notícias do município onde moram. A pesquisa mostra que essa população representa 15,9% do país e vive em desertos de notícias. Apesar de grande, o número sofreu queda de 9,6% no último ano, com a abertura de novos veículos.

O Atlas da Notícia considera ainda quase desertos os municípios que tem apenas um ou dois veículos. Acredita que a população dessas regiões está vulnerável ao fechamento destas empresas. Além disso, a falta de concorrência pode afetar a transparência e o compromisso com a veracidade. Considerando desertos e quase desertos, esses municípios reúnem 29,6% da população brasileira. 

Jornalismo no Sudeste e Sul do país

A região Sudeste concentra 34,5% dos veículos de jornalismo brasileiros, com 4.517 iniciativas. Na soma geral, a região perdeu veículos em um ano, sendo 132 fechamentos em São Paulo, que impactaram a média regional.

Mas, por outro lado, o Sudeste reúne as iniciativas de jornalismo com maior participação nas redes sociais. São Paulo e Rio de Janeiro são as duas cidades do país com maior número de veículos de jornalismo ativos.

Apesar de haver uma tendência de migração para o digital, os estados da região Sul ainda concentram muitos veículos analógicos. Do total de 3.315 iniciativas, apenas 28% são de digitais. Outra característica da região é de veículos digitais pequenos no interior, com equipes de até cinco pessoas. 

Por lá é alta a densidades de veículos. Concentrando 25% do jornalismo no Brasil com população estimada em 14% do país. Porém, apesar destes números os desertos de notícias são endêmicos. A região Sul tem 649 municípios sem nenhum veículo de notícias. Número maior do que todos os municípios do Rio Grande do Sul juntos. 

Norte e Nordeste enfrentam dificuldades

2020 não foi um ano fácil na região Norte do país. Colapsos na saúde devido ao coronavírus,  apagões elétricos e desmatamentos e queimadas expuseram as mazelas da região. Lá há menos de um mil veículos de notícias. Dos 450 municípios na região, 314 são considerados desertos de notícias, um número alarmante.

A região Norte tem 69,8% de seu território sem cobertura de notícias, sendo o maior percentual do país. Além disso, enfrentam outra dificuldade que é o predomínio de redes de comunicação. Esses conglomerados de mídia são geralmente ligados a famílias com poder econômico no país, o que influencia na linha editorial jornalística.

A realidade do Nordeste é similar à do Norte. A região reúne 2.402 veículos e é a segunda com maior percentual de desertos de notícias. O jornalismo no Brasil tem como característica grande disparidade entre os estados. Se de um lado há poder econômico e várias iniciativas, do outro lado falta atuação.

Contrastes no Centro-Oeste

A menor concentração de desertos de notícias está no Centro-Oeste, que reúne 1.898 veículos de jornalismo. Por lá há contrastes interessantes entre os estados. Enquanto Mato Grosso tem a maior concentração de veículos por habitantes do país, o estado vizinho Goiás tem a menor concentração.

Mato Grosso do Sul tem a menor concentração de desertos de notícias, com apenas 11% dos municípios sem veículos de comunicação. E Brasília tem como característica reunir a maior concentração de veículos de notícias do país, com predomínio das iniciativas digitais. 

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